O odor da Ilusão, da Mentira e da Verdade.
Eu fedo
Fedo a bebida
Fedo a cigarro...
Fedo a corpo sujo...
Transpiro e fedo...
Solto secreções e fedo...
Sou um espírito dentro de um pedaço de carne que apodrece aos poucos...
Tentando ser algo maior...
Algo de que vá me admirar.
E fazer a quem amo se admirar também.
Porque?
Porque sou humana...
Essa coisa de que nos classifica diferente dos outros animais...
Como racionais...
Mas até que ponto o ser humano pode se tornar irracional?
Se fundir na lama do instinto,
E chegar até tal ponto que nem parece racional e nem mesmos os animais irracionais...
Parece um demônio!
Algo mas degradante da natureza...
Esse é o ser que fede...
O ser carne e osso...
Que fraqueja e que rasteja...
Na miséria da sua própria ignorância e comiseração.
Na sua insensatez e indiferença...
Na mentira que parece doce...
E sedutora,
Mas que fede...
Falta amor...
Sentimento sublime que é de difícil conciliamento com a carne...
O amor eterniza, a carne apodrece...
E fede.
Eu fedo ainda...
E ao meu redor nada me apetece...
Sinto-me perdida entre a razão e a luxúria...
Entre as emoções e o saber...
E o corpo vai morrendo...
Fedendo...
O espírito não terá para onde se esconder...
Quando se verá nu,
Despido da carne,
Lhe faltará o ar...
A ilusão de respirar será por demais ameaçadora,
Porque de ilusão aprendeu a viver o homem.
E se despir dela será...
Será sentir nada.
Um nada sem cheiro,
Sem sabor,
Sem textura,
Porém será somente a princípio...
Porque no porvir,
Será o desvendar da mentira...
E virá o odor fresco e agradável,
Da verdade.
Ó grande e onipotente perfume!
A “real e a palpável”,
A reluzente e ofuscante,
A lucidez da verdade,
E com ela o amor real,
A vida real,
E a nitidez das coisas.
Ilusão?
Mentira?
Verdade?
Amor?
Limiar entre uma mentira e uma verdade,
É como um passear na loucura e na lucidez...
Quem é um e quem é o outro?
O homem acentrado é um homem sem eixo.
Um homem com um ideal,
É um homem sonhador.
Um homem cético é um homem irracional,
Defendendo a idéia de ser racional.
Um mestre já foi aprendiz,
Assim como um médico que cura,
Será um doente um dia.
Se corre o risco de se perder,
Quando se procura.
Mas os sentidos estão ali,
O paladar, o tato, a visão, a audição...
E o mundo fede,
Assim como o homem ainda com suas vestes de carne.
Beatriz Peixoto - São Gonçalo, 25 de julho de 2010
O Ego
Algo que o ser humano não controla.
Utiliza-se de vários artifícios para se desprender dele, como drogas, alucinógenos, disfarces, objetivo de vida, crenças, caridade ao próximo...
Mas na verdade são novas máscaras que se apoderam sobre a sua essência, ou uma busca consciente que limita mesmo parecendo desprender.
Desta forma, mais uma vez a ilusão se faz presente na vida do homem.
Fazendo com que a delimitação dos campos da realidade e imaginário oscile e fundindo-se entre si, esses campos podem fazer o indivíduo mergulhar na loucura.
Quando não se tem mais a certeza do que é real, se perde a âncora com sua consciência e assim, num mergulho intenso no inconsciente a mente sem apoio, não retorna...
Se perdendo totalmente no abismo das ilusões.
Vivendo em mundo a parte, se desconecta desta vida, ficando somente o corpo presente.
Partindo para nunca mais voltar.
Beatriz Peixoto. São Gonçalo, 17 de maio de 2010
Profundo esses o odores e egos ... a vida tem disso e a gente poe pra fora numa suavidade ... eu diria que alma de artista é quase um absorvente... parabéns o blog esta 10 ... abraço !!!
ResponderExcluirBia você é uma grande artista... por isso tenho certeza que o que fizer sempre será cheio do que seu interior é, você é assim e sabe colocar para fora tudo de maneira belíssima.
ResponderExcluirte adoro amiga , e invista sempre na artista que você é!!! saudade!!
Bia, Parabéns! Grandiosa nas palavras, nos sentimentos e até no fingimento que todo artista se apodera para externalizar ou materializar a arte que sopra em corações vazios ou esperançosos.
ResponderExcluirLinda!!!
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